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| Vitória traduzida em fé |
Euclides da Luz da Lomba Moreira, mais conhecido por “Ni”,
nasceu em 1983 (33 anos). Filho de Cristiano Gomes Moreira e Maria de Livramento Brazão da Lomba mais conhecida por
“Magui”. Foi criado pela sua avó em Órgãos, mais tarde veio para a Praia, onde mora
em Terra Branca com o pai, a madrasta e os dois irmãos. A mãe vive em Portugal.
Ni viu sua vida mudar após sofrer um atropelamento por um
caro desgovernado. O acidente aconteceu em Órgãos em Setembro de 2008 aos 25
anos quando terminava o estágio de Eletricista. Logo em seguida do
atropelamento, foi para Portugal onde teve 1 ano e 3 meses a fazer tratamentos.
Desse 1 ano e 3 meses, esteve 6 meses num dos mais conceituados centros de reabilitação
da Europa situado em cascais, onde reaprendeu a fazer tudo, a tomar banho, a se
vestir, fazer suas necessidades fisiológicas, etc.
Passados dois anos do acidente, recebeu um convite do seu
professor e DJ da Associação Mó na Roda para integrar ao grupo Mó na Roda e a
fazer parte do time dos atletas do Comité Para-olímpico cabo-verdiano. “Perguntou-me
se gostaria de participar do Comité Para-olímpico e “Mó na Roda”, disse-lhe que
já tinha visto o vídeo de dança da primeira gala na TV, mas nunca tinha pensado
em integrar-me ao grupo, mas com certeza aceitei o convite”. Depois de aceitar o
convite, Ni esperou um tempo para se organizar e ver as dificuldades que ia ter
na ida aos ensaios e as condições que o local do ensaio tinha para o acolher. Hoje
ele já é veterano no mundo da dança e no Desporto.
Antes do acidente, Ni queria ser Eletricista, mas com a
fatalidade não pôde seguir com a carreira e hoje os seus planos para o futuro é
conseguir fazer o estágio na área de Informática, Manutenção e Instalação de
Computadores, essa é a sua prioridade. Quando perguntado o que é o desporto, Ni
responde que Desporto para ele é vida. O Desporto traz muitos benefícios para a
sua mobilidade, como por exemplo, aumenta sua auto-estima, melhora a sua saúde
e bem-estar, isso tudo derivado ao Desporto. Quando se exercita, fica mais
alegre, mais ativo, o corpo fica mais solto para tudo e é por isso que continua
a dizer que o Desporto é vida. “Agora não consigo ver minha vida sem a dança e nem sem o
Desporto. Sou mesmo tarado pelo Desporto, eu é que chamava todo mundo para
irmos jogar futebol. Adoro o futebol, torço pelo meu clube de coração que é o
Benfica, mas também gosto do Campeonato Inglês e torço pelo Manchester United”.
Ni participa sempre de jogos, como por exemplo Basquete e Vólei sentado, mas
diz que prefere o Vólei sentado por ser mais prático. Sente-se triste por não
praticar o Desporto que mais gosta que é o futebol e espera que Deus sempre lhe
dê força para continuar sempre a praticar o Desporto.
Todo ano tem um campeonato nacional para cadeirantes,
onde são convidados os atletas de todas as ilhas com diversas modalidades, e
cada um escolhe o que mais se sente “à vontade”. A data do Campeonato varia
entre Agosto e Novembro.
Por ironia do destino a cadeira de rodas tornou-o mais
“pé no chão”. Hoje ele dá valor às pequenas coisas que antes nem notava. A
cadeira de rodas não deixou-o menos ativo, mas mudou sua vida e seus sonhos,
embora alguns sonhos ainda permaneçam. A sua fé, coragem e esperança de um dia
poder voltar a andar, levou-o a aceitar de forma rápida a sua condição como
cadeirante. Embora suas chances de voltar a andar são mínimas, não perde as
esperanças. Para ele a esperança só morre depois dele.
Hoje em dia faz fisioterapia duas vezes por semana na
clínica com seu médico e em casa faz os seus próprios exercícios que o ajuda a
ter mais flexibilidade no dia-a-dia com pequenas actividades. Seus planos daqui
para frente além de fazer o estágio de Manutenção e Instalação de computadores,
é também formar sua família, ir morar na sua própria casa e não depender dos
pais.
PS: Com essa lição de vida, vê-se que dá para fazer tudo
o que quisermos mesmo passando por dificuldades como essa, basta confiarmos em
nós mesmos e principalmente em Deus. A força está na nossa mente.
